Não é nenhuma novidade a minha paixão por Audrey Hepburn. Não sou do tipo da tietagem por ninguém, igualo a maioria dos artistas a mim, ou seja, não os considero nem melhor, nem pior, o restante guardo uma grande admiração pelo talento incomparável, e por último, no topo, Audrey.
Audrey era filha de um rico banqueiro inglês e da Baronesa
holandesa Ella Van Heemstra. Após o divórcio dos pais, mudou-se com a mãe
para Londres, onde iniciou seus estudos. Alguns anos mais tarde, as duas
fixaram residência em Arnhem, Holanda. Como bem mostra o livro escrito por Warren G.
Harris, a vida de Audrey Hepburn poderia – veja a ironia! – ser um filme
estrelado por ela mesma. A existência de Audrey tem ares de um conto de fadas,
com todas as alegrias, tristezas e sacrifícios inerentes a esse tipo de fábula.
Nascida em uma família de berço aristocrático, em 4 de maio de 1929, desde
muito jovem, viu o sofrimento de cara. Ainda nenê, quase morreu de uma
coqueluche. Por toda a sua infância e parte da juventude, foi testemunha ocular
e viveu pessoalmente todos os efeitos catastróficos (fome, violência, miséria,
dor e luto) da II Guerra Mundial.
Abandonada pelo pai, passou toda a sua vida
achando que ele não a amava. Por causa de sua altura (ela tinha mais de 1,70m),
teve que abandonar o sonho de se tornar uma bailarina. Despertou tarde demais
pro amor e beijou muitos sapos até encontrar o seu verdadeiro príncipe (o ator
holandês Robert Wolders), aquele homem que daria o amor tranquilo que ela tanto
necessitava.
O mais lindo nessa jornada toda é que Audrey pode
retribuir em vida tudo aquilo que foi feito por ela. Ela tinha uma necessidade
enorme de dar amor, muito mais do que receber este sentimento em troca. E ela
fez questão de certificar a todos aqueles que lhe eram tão queridos –
especialmente seus dois filhos, a mãe, os irmãos e o parceiro Robbie – disto.
Ela pode fazer pela Unicef aquilo que esta instituição fez por ela após o
término da II Guerra Mundial. Ela pode deixar sua marca no mundo e ela nos
inspira a querermos ser alguém melhor. Mesmo sem querer receber em troca, ela
teve que aguentar isso: Audrey foi – e continua sendo – amada, até mesmo por
pessoas que nunca a viram na vida – e ela sempre ficava muito surpresa de ver o
efeito que causava nas pessoas em geral.
Quando da ocupação alemã, durante a 2ª Guerra Mundial, participou do esforço anti-nazista, período em que sofreu de má nutrição e depressão. Após a libertação da Holanda, Audrey foi estudar balé em Londres e, mais tarde, iniciou uma promissora carreira como modelo, até ser descoberta por um produtor, quando teve uma pequena participação no filme holandês "Nederlands in Zeven Lessen", em 1948.
Antes de conseguir o estrelato com seu primeiro filme americano, "A Princesa e o Plebeu", 1953, quando arrebatou o Oscar de Melhor Atriz, Audrey participou de diversos filmes britânicos e franceses. Em sua carreira de sucesso, foi ainda indicada ao Oscar de Melhor Atriz por suas atuações em "Sabrina", "Uma Cruz à Beira do Abismo", "Bonequinha de Luxo" e "Um Clarão nas Trevas".
Para o filme "Bonequinha de Luxo", Henry Mancini compôs "Moon River" especialmente para ela. Ganhadora do Oscar de Melhor Canção, "Moon River" tem centenas de gravações, mas a dela é inquestionavelmente a melhor.
Audrey Hepburn foi uma das musas do grande estilista francês, Hubert de Givenchy, tendo este sido o responsável por seu guarda-roupa nos filmes "Sabrina", "Cinderela em Paris", "Amor na Tarde", "Bonequinha de Luxo", "Quando Paris Alucina", "Como Roubar um Milhão de Dólares" e "Charada".
Em 1988, Audrey tornou-se Embaixadora Especial para o Fundo UNICEF das Nações Unidas, de Ajuda às Crianças, tendo participado de missões no Sudão, El Salvador, Somália, México, Equador, Venezuela, Vietnã, Tailândia e Etiópia.
Audrey Hepburn era fluente em Inglês, Holandês/Flamengo, Francês, Espanhol e Italiano.
Poucas atrizes de Hollywood podem se dar ao luxo
de terem sido tão icônicas quanto Audrey Hepburn. A força de sua persona
pública – e da imagem que é associada a ela – é tanta que Audrey conseguiu
transpor as barreiras dos filmes que estrelou e está imortalizada, não só em
imagens de obras clássicas como “A Princesa e o Plebeu”, “Cinderela em Paris”, “Sabrina” e/ou “Bonequinha de Luxo”; bem
como através de sua importância para a moda (através de uma longínqua parceria
com Hubert de Givenchy e, na fase final de sua vida, com Ralph Lauren), uma vez
que ela criou um estilo próprio e que, até hoje, serve como modelo para
mulheres de todo mundo; e no pioneirismo do uso da celebridade para causas
nobres. Hoje, se fala muito sobre o trabalho de Angelina Jolie como
embaixadora da ONU, mas quem abriu as portas foi Audrey Hepburn, a qual
dedicou a fase final de
sua vida à causa da Unicef, trabalhando arduamente (até mesmo quando a
doença que lhe tirou a vida já lhe atingia) em prol das crianças de todo o
mundo, especialmente aquelas que são mais necessitadas.
O descanso entre um papel e outro se converteu em
aposentadoria após Hepburn começar a “interpretar” aquele que seria o papel de
sua vida: o de mãe de Sean e de Luca, nascidos de seus casamentos com o ator
Mel Ferrer (critiquem-no o quanto quiserem por causa dos ciúmes que ele sentia
do sucesso dela, por causa do temperamento horrível dele e do sofrimento que
ele a causou, mas verdade seja dita: Audrey deve muito a ele, pois ele a
instigou a aceitar papeis que ela recusou de cara, como o de “Bonequinha de Luxo”)
e com o psicanalista Andrea Dotti. Entrando nesta seara mais pessoal da vida de
Audrey, chama também a atenção o fato de ela ter se casado com dois homens bem
parecidos, no sentido de que eles tinham uma personalidade forte. A trajetória
de ambos os relacionamentos também é a mesma, uma vez que Audrey prolongou os
dois casamentos e estendeu a sua infelicidade por causa dos filhos – o término
só veio quando os caminhos de Audrey e de seus ex-maridos já estavam
completamente distantes e opostos. Tanto que a sensação entre os amigos dela
era a de que nenhum deles era merecedor da Audrey. Ela era muito melhor que
eles.
Pensando assim, Audrey foi muito melhor que todos
nós. Não existe uma palavra desabonadora sobre o
caráter e a pessoa de Audrey Hepburn. Todos, e faço questão de frisar, todos
são unânimes em dizer o quanto que ela era especial, o quanto ela era
verdadeira, o quanto ela era desprovida de vaidade, o quanto ela se doou para
os outros. O produtor Janis Blackshleger expressa muito bem essa
sensação: “Todos sabíamos que Audrey Hepburn era um mito. Mas ela era muito
mais do que isso, era um grande ser humano. Quando você estava com ela, se
sentia mais bonito, melhor consigo mesmo e com suas próprias possibilidades”.
Audrey tem esse poder
sobre a gente. Eu queria tê-la conhecido e ver mesmo se ela era de verdade ou
se ela, para citar Richard Dreyfuss (com quem ela trabalhou no seu último
filme, “Além da Eternidade”), “era um sonho. (…) aquele tipo de sonho que você
lembra quando você acorda sorrindo”.
No dia de sua morte, todas as Tiffanys colocaram fotos suas em todas as janelas. Isso não é pra qualquer um.
Filmografia:
- 1948 - Dutch in Seven Lessons (documentário)
- 1951 - Monte Carlo Baby
- 1951 - Laughter in Paradise
- 1951 - One Wild Oat
- 1951 - O mistério da torre (The Lavender Hill Mob) (1951)
- 1951 - Young Wives' Tale
- 1952 - The Secret People
- 1952 - We Will Go to Monte Carlo (versão francesa de Monte Carlo Baby)
- 1953 - A princesa e o plebeu
- 1954 - Sabrina
- 1956 - Guerra e paz
- 1957 - Cinderela em Paris
- 1957 - Amor na Tarde
- 1959 - A flor que não morreu
- 1959 - Uma cruz à beira do abismo
- 1960 - O passado não perdoa
- 1961 - Breakfast at Tiffany's (Bonequinha de luxo no Brasil, Boneca de luxo em Portugal)
- 1961 - Infâmia
- 1963 - Charada
- 1964 - Quando Paris alucina
- 1964 - My Fair Lady
- 1966 - Como roubar um milhão de dólares
- 1967 - Um caminho para dois
- 1967 - Um clarão nas trevas
- 1976 - Robin e Marian
- 1979 - A herdeira
- 1981 - Muito riso e muita alegria
- 1989 - Além da eternidade
Um comentário:
o sorriso dela... a mais sincero e lindo que eu ja vi.. audrey, sempre audrey
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